terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Parceria entre Secretaria de Estado de Saúde e Clínica Perinatal salva 230 vidas em 2011


Além do carinho de sua mãe, algo mais tem feito o coração do pequeno Miguel bater mais forte. Com apenas dois meses de vida, o bebê precisou fazer uma cirurgia cardíaca por ter a doença do ventrículo único, situação em que apenas um ventrículo funciona, ao invés de dois. A cardiopatia é rara e grave, com alto índice de mortalidade durante a primeira infância. A operação complexa foi garantida por um convênio firmado entre a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e a Clínica Perinatal da Barra, que já realizou 420 cirurgias cardíacas desde que teve início, em novembro de 2009. Hoje, com um ano de vida, Miguel faz exame de avaliação duas vezes por mês, mas já leva uma vida normal.

- Sem a operação ele não sobreviveria muito tempo. Agora meu filho está ótimo. Geralmente, a criança cardiopata tem peso abaixo do normal, mas o Miguel é bem saudável – afirma sua mãe, a diarista Raquel de Carvalho Filho, de 31 anos. A mãe também elogiou o atendimento que recebeu na unidade. "Fiquei sempre ao lado dele num quarto privativo, com todo conforto e não pagamos nada por isso", conclui.

Duzentas e trinta crianças foram submetidas ao ato operatório só em 2011. Para este ano, a SES-RJ ainda vai fazer um novo chamamento público a fim de ampliar o contrato com empresas privadas para o serviço de cirurgias de coração em crianças do estado. De acordo com a Secretaria, serão incluídos quarenta novos procedimentos cardíacos ao contrato de parceria. A estimativa é que o atendimento cresça em torno de 26%.

- Em alguns casos de cardiopatia, os pacientes precisam ser operados até determinado tempo de vida, e muitas perdiam esse prazo. Geralmente, a idade varia de acordo com a patologia, podendo ser de um à quatro meses. Antes ocorriam muitos óbitos porque esses pacientes não tinham onde operar. Muitos voltavam para casa, não resistiam muito tempo e, logo em seguida, vinham a falecer. O que é muito triste. Era como se essas crianças já nascessem condenadas. Por isso é tão importante essa parceria. Para muitas crianças representa a única chance de sobrevivência – avalia Sandra Pereira, coordenadora do Programa de Cirurgia Cardíaca da Clínica Perinatal.

Segundo estimativa da Perinatal, cerca de 800 crianças nascem precisando de uma cirurgia de correção cardíaca todo ano no estado do Rio de Janeiro. Porém, mais de 80% dos pacientes não tem como arcar com os custos altos do procedimento que, na rede privada, pode valer em média R$ 40mil, da transferência à internação no pós-operatório. O convênio supre essa demanda na saúde pública, realizando gratuitamente cirurgias cardíacas em bebês prematuros com cerca de 550g de peso, recém nascidos, lactentes, pré-escolares, escolares e adolescentes.

Antes da parceria, muitos pacientes neonatais eram transferidos para serem operados em São Paulo. O estado custeava essas transferências por meio do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), o que além de gerar um custo ainda maior para os cofres públicos, também representava risco à saúde do paciente pela complexidade do transporte.

Remoção de helicóptero - Os pacientes são encaminhados à Perinatal pela Central Estadual de Regulação de Leitos e o Corpo de Bombeiros faz a transferência do paciente e sua família de qualquer lugar do estado do Rio de Janeiro, inclusive, tendo à disposição o helicóptero UTI da CBERJ para isso. Os pacientes são encaminhados pela Central Estadual de Regulação de Leitos e a clínica privada fica responsável por todo o preparo dos pacientes. O pré e pós-operatórios são realizados por uma equipe multiprofissional formada por cirurgiões, médicos, assistentes sociais, psicólogas, entre outros especialistas, que permanece de prontidão na unidade 24 horas por dia. Ainda são disponibilizados 12 leitos privativos para pacientes cardíacos, destinados à recuperação após a cirurgia.

– O Rio tem uma grande demanda por cirurgias cardiológicas. Algumas crianças morriam antes mesmo de fazer o procedimento. Uma realidade que está sendo mudada a partir do convênio entre a Secretaria de Estado de Saúde e a Perinatal. De cada 100 bebês operados, 95 são salvos. A taxa de sobrevida é de 94%, um índice comparável aos melhores serviços de cirurgia cardíaca da Europa e dos Estados Unidos – defende Manoel Carvalho, diretor do Grupo Perinatal.

A prevalência de cardiopatias congênitas (CC) está entre sete a dez crianças para cada mil nascidos vivos. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular apontam o surgimento anual de 28.846 novos casos de cardiopatias congênitas no Brasil. Em torno de 20% dos casos, a cura é espontânea, estando relacionada a defeitos menos complexos. A necessidade média de cirurgia cardiovascular nestes casos ultrapassa os 23 mil procedimentos por ano, distribuídos conforme o tipo de assistência, sendo que o SUS é responsável por 86,1%, o que caracteriza a dependência do investimento público.

O tratamento precoce das CC evita internações sequenciadas por complicações, além de proporcionar melhor qualidade de vida. Sabe-se que 50% dos portadores devem ser operados no primeiro ano de vida. Assim, são feitos 11.539 novos procedimentos no país todos os anos. Estima-se que cerca de 1% dos recém-nascidos brasileiros apresentem o problema. Destes, 40% precisam ser operadas em até 30 dias sob risco de morte. A cirurgia não se aplica a 20% dos casos. Nestes, a cura é espontânea, estando relacionada a defeitos menos complexos e de repercussão hemodinâmica discreta.

Tecnologia inédita – A equipe da Perinatal ainda dispõe de uma técnica inédita para os casos raros de anomalias muito complexas. Um dos integrantes da equipe cirúrgica vem de São Paulo exclusivamente para operar nestes casos. As crianças com essa doença precisam ser submetidas à cirurgia pelo menos três vezes: uma ao nascer, outra por volta dos 4 meses de vida e a última com 2 anos, usando uma técnica que refaz a circulação cardíaca.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro

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