O livro “Tropical Radioecology”, 18° volume da coleção
“Radioactivity in the Environment”, editado por John R. Twining, foi publicado
pela Editora Elsevier. A professora Maria Angélica Vergara Wasserman, do
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Nucleares do Instituto de
Engenharia Nuclear (IEN), unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN) no Rio de Janeiro, é um dos 13 colaboradores da publicação, ao lado de
renomados especialistas.
A
radioecologia é uma disciplina da ecologia que tem por objetivo detectar a
presença de radionuclídeos no ambiente, identificar as suas origens e
compreender os processos de transferência e de concentração nos vários
compartimentos dos ecossistemas. O crescente desenvolvimento da área nuclear e
suas aplicações nos diversos setores da sociedade tem aumentado a preocupação
com o destino dos radionuclídeos liberados no meio ambiente em decorrência de
sua expansão.
Até
recentemente, os modelos radioecológicos aplicados em ambientes tropicais eram
fomentados por dados provenientes de ambientes de clima temperado. No entanto,
a grande maioria dos estudos radioecológicos realizados em clima tropical,
através de reconstituição de ecossistemas simplificados em laboratório ou em
campo, já evidenciavam diferenças significativas no comportamento dos
radionuclídeos, devido às diferenças bióticas e outras características
ambientais entre cenários.
Este livro
reúne os principais estudos realizados em diversas regiões tropicais e
subtropicais do planeta e, desse modo, é o primeiro documento internacional que
reconhece e consolida o conhecimento singular da radioecologia em ecossistemas
tropicais, através de uma abordagem multidisciplinar, multicultural e
holística.
Segundo a
professora Maria Angélica, este livro é um marco na história da Radioecologia,
pois é o primeiro no mundo a reconhecer e abordar de forma completa e profunda
as diferenças nas relações solo-planta oriundas das peculiaridades climáticas
que impactam alguns conceitos e práticas da radioproteção ambiental. Conceitos
estes estabelecidos, em grande parte, pela experiência adquirida com o acidente
de Chernobyl .
A professora acrescenta: Ӄ importante ressaltar que os
princípios científicos não devem ser estabelecidos com base em observações
restritas a determinadas regiões ou grupos, ainda que realizados por
instituições de excelência, como foi o caso, até recentemente, para os
principais postulados da radioecologia, no qual se estabelecia a experiência de
Chernobyl como referência. No entanto, o que se pôde verificar com o
desenvolvimento de estudos em outras partes do globo terrestre, é que a Eurásia
é parte do todo, não é o todo. Somente a macrovisão evita distorções do
conhecimento, cujos impactos ambientais, sociais e econômicos podem tomar
enormes proporções, principalmente quando normas e leis são estabelecidas com o
apoio do conhecimento gerado na visão fragmentada pelos monopólios
científico-culturais.”
FONTE: CNEN
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