sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Chega à rede estadual de Saúde cirurgia cardíaca sem corte e sem dor

“Correr atrás da minha bisneta, de seis meses de idade, será o meu divertimento”. A  voz ainda fraca contrasta com a determinação com que o aposentado João Soares Batista, de 78 anos, define como será a sua rotina daqui por diante. Ele foi o primeiro paciente do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac) a ser submetido a um procedimento novo na rede estadual de saúde para a troca de válvula aórtica, que faz a substituição por meio de cateterismo. Desta forma, o paciente não precisa abrir o tórax para operar o coração.

Portador de uma estenose aórtica grave, que pode dificultar ou até impedir a passagem de sangue do coração para o resto do corpo, João já não conseguia se movimentar direito. A cada vez que saía de casa, sentia cansaço e até vertigens. “Há dois anos, eu estava na rua, fiquei tonto e encostei-me em um muro. Fui socorrido e levado para um hospital e lá me disseram que se eu não tivesse chegado rápido, teria morrido”, relata.

Desde então, a situação clínica de João Batista começou a declinar e ele acabou se tornando um paciente inoperável, ou seja, que não poderia ser operado com o uso das técnicas tradicionais de cirurgia para a substituição dessa válvula. “Não era só a questão da idade, mas um conjunto de condições, tais como as condições clínicas, as funções cardíaca, renal, entre outras, que indicam se um paciente é operável ou não”, afirmou o cardiologista Márcio Montenegro, que coordenou o procedimento.

Com o agravamento do quadro clínico, João teve que abandonar a rotina de ainda trabalhar como comerciante, embora já tivesse aposentado. “O cansaço foi aumentando, e eu tive que parar de trabalhar. Mas eu sempre tive esperança de ficar bom. Se não tivesse, não teria obedecido tudo que os médicos me mandaram”, acrescentou.

A obediência e a nova técnica tiveram resultado positivo. Uma semana depois de ser operado, João Batista recebeu alta nesta quarta-feira e foi para casa. Casado há 53 anos e pai de quatro filhos, levava no peito, além de uma válvula aórtica nova, a certeza de que poderá levar uma vida normal. As condições cardíacas do aposentado vão melhorando gradativamente e não será surpresa se em curto espaço de tempo ele já estiver correndo atrás da bisneta.

Procedimento - O procedimento que foi feito no aposentado é indicado para pacientes considerados inoperáveis e pode ser usado como opção de tratamento para aqueles que têm alto risco cirúrgico. Já nos pacientes com médio ou baixo risco, a técnica tradicional continuará sendo indicada.

De acordo com Márcio Montenegro, os candidatos a se submeterem à nova técnica são selecionados pela equipe do Iecac e passam por avaliação da equipe do Instituto, além de realizarem exames como ecocardiografia, cateterismo e tomografia. Os resultados são analisados também pela empresa que fabrica as válvulas.

No tratamento padrão, o paciente precisa ser entubado e o coração para, para que a válvula seja trocada. Pela nova técnica, é feito um corte na artéria femural do paciente, onde é inserido um cateter que levará a válvula até o coração, sem a necessidade de parar o funcionamento do órgão. A média de internação de um procedimento para o outro cai de dez para quatro dias.

“Quando falamos em custos temos que levar todos esses fatores em consideração, que é a recuperação, o tempo que esse paciente ficará internado, e não apenas um único valor”, acrescentou o diretor do Iecac, Antônio Ribeiro.

FONTE: Governo do Estado do Rio de Janeiro 

Nenhum comentário:

Postar um comentário