Radiofármacos são substâncias radioativas usadas no
diagnóstico e tratamento de diversas doenças, com especial relevância nos casos
de câncer. Para serem melhor aproveitadas, em
alguns casos essas substâncias precisam sair dos locais de produção e chegar aos
pacientes em período inferior a duas horas. São situações em que a agilidade no
transporte pode contribuir de forma relevante com a saúde de quem está em
tratamento médico. Para facilitar essa
logística, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) coordenou a elaboração
de uma lista de materiais radioativos com prioridade de embarque nas aeronaves
em circulação no Brasil, tornando o país pioneiro na edição de uma relação
destas substâncias com fins de agilizar o transporte aéreo.
A lista foi publicada em setembro deste ano e é resultado de
entendimentos realizados entre CNEN, Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC),
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e empresas que transportam e
comercializam radiofármacos. A ANAC determinou às empresas aéreas que, durante
as operações de preparo para decolagem de aeronaves, priorizem o embarque dos
radiofármacos relacionados. Estes materiais também estão isentos da licença de
transporte da CNEN.
Atualmente, há uma preocupação internacional com a agilidade
no transporte deste tipo de material. Em 2005, a Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA )
criou o Comitê Diretivo sobre Recusas e Demoras no Transporte de Material
Radioativo. Os países integrantes da Agência foram orientados a criar comitês
nacionais para identificar soluções para o problema.
No Brasil,
em 2010, foi realizado o primeiro encontro nacional para buscar avanços no
transporte de materiais radioativos que necessitam de agilidade e oferecem
riscos inexpressivos. O resultado destas primeiras discussões foi a
criação do Comitê Brasileiro sobre Recusas e Demoras no Transporte de Materiais
Radioativos, composto pela CNEN, por demais autoridades governamentais,
empresas privadas, profissionais, organizações de classe e demais interessados
no tema. Das ações deste Comitê surgiu a lista publicada pela ANAC. Neste
cenário, outra contribuição da CNEN foi a criação do Serviço de Avaliação de
Segurança no Transporte de Materiais Radioativos (SASTR), que hoje integra a
estrutura da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da
instituição.
Para
entender a relevância da edição desta lista é preciso saber que os materiais
radioativos possuem a chamada meia-vida, tempo em que sua atividade radioativa
cai pela metade. Isto serve de parâmetro para avaliar as condições de
uso destes materiais quando chegam ao destino final. Alguns radiofármacos, como o flúor-18, precisam
ser utilizados em menos de duas horas, contadas a partir do momento de
fabricação. O material serve como
contraste para a Tomografia por Emissão de Pósitrons, um dos mais precisos
exames existentes para diagnosticar câncer e para avaliar a resposta de
pacientes a processos de tratamento. Para
obter os resultados esperados, o flúor-18 precisa estar no local onde será
aplicado ao paciente no curto espaço de tempo de 110 minutos.
Em casos
como estes, a logística de transporte é bastante complexa. Para deslocamentos maiores, envolve o uso de aviões.
Recusas e demoras no transporte de materiais com meia-vida curta podem
comprometer exames médicos fundamentais à saúde dos pacientes. A lista de
materiais com prioridade de embarque foi elaborada justamente para que estes
materiais cheguem ao destino dentro do tempo certo. Não apenas o flúor-18, mas
um total de 34 radiofármacos ali relacionados estão dispensados de autorização
de transporte da CNEN, em razão da urgência para que cheguem ao destino e
também da baixa radioatividade e risco envolvidos no transporte. Para acessar a lista no site da ANAC, clique
aqui.
FONTE: CNEN
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