Protocolo de atendimento, montado em parceria com a PUC-RS, orientará profissionais sobre como dar suporte a parentes e amigos das vítimas da tragédia
O Ministério da Saúde definiu um conjunto de diretrizes para assistência psicológica a familiares e vítimas do incêndio na boate Kiss, ocorrido na madrugada do último domingo (27) em Santa Maria (RS). Organizadas na forma de um protocolo de saúde mental em situações de catástrofes, as orientações abordam os cuidados imediatos – chamados de “primeiros socorros psicológicos” – e o acompanhamento das vítimas durante o pós-trauma.
O protocolo foi montado em articulação entre o Ministério da Saúde, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul e pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). O documento foi inspirado em protocolo semelhante elaborado para atendimento psicológico aos familiares das vítimas do atentado contra o World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.
De acordo com o ministro Alexandre Padilha, passado o primeiro momento de identificação, que acontecia no ginásio, foi feito um mapeamento de onde estão os familiares e os hospitais que ainda têm vítimas internadas. “Profissionais especializados em saúde mental estão em Santa Maria e em Porto Alegre, nesse segundo momento, com outra estratégia que é a de acompanhar os familiares nos hospitais”, explicou.
Para dar conta dessa demanda, o Ministério da Saúde está articulando a montagem de uma força-tarefa de atendimento a vítimas e familiares da tragédia em Santa Maria e em Porto Alegre, onde há pacientes internados nas unidades do Grupo Hospitalar Conceição.
No primeiro contato, estabelece o protocolo, o objetivo é fazer com que a pessoa consiga assimilar o evento traumático vivido. Para isso, o profissional deve adotar cuidados como evitar a sobrecarga de informações sobre o indivíduo respeita os limites do paciente, sem encorajar, por exemplo, a repetição de detalhes de sua história.
Nas primeiras quatro semanas, os profissionais devem acompanhar o aparecimento de lesões, perda de apetite e reações emocionais. Durante todo esse processo, os pacientes são orientados a evitar obter informações pelos meios de comunicação, cujo noticiário pode reforçar o trauma e contribuir para o desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT).
O professor da PUC-RS, Christian Haag Kristensen, destaca que força-tarefa deflagrada no conjunto das ações para atendimento às vítimas do incêndio colocou 200 profissionais de saúde mental capacitadas para lidar com transtornos pós-traumas, distribuídos em Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs), hospitais e clínicas de atendimento. “É muito tocante ver o quanto as pessoas, de fato, largaram tudo o que estavam fazendo para estarem aqui, tentando ajudar outro ser humano num estado de sofrimento tão grande”, disse Kristensen. “Após um evento dessa magnitude, é normal que nos três primeiros dias, ou até nas duas primeiras semanas, as pessoas apresentem uma série reações agudas ao estresse”, explica.
FONTE: Ministério da Saúde
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