Em três
anos, 511 crianças com problemas cardíacos foram operadas pelo SUS graças ao
convênio
Quando o
helicóptero UTI dos bombeiros desceu no hospital em Campos dos Goytacazes para
levar sua filhinha, Jéssica, de apenas três meses, a aflição de Adriana Pereira
Branco era imensa. Ao ser encaminhada pela Central Estadual de Regulação de
Leitos para a Clínica Perinatal da Barra, a pequena estava com a vida por um
fio. O bebê nasceu com uma má formação no coração, conhecida como Tetralogia de
Fallot, e seu estado de saúde era muito grave. Após chegar ao seu destino, às
8h, o bebê passou por uma operação de emergência. A aflição de Adriana só
terminou seis horas depois: a cirurgia foi um sucesso. Um ano depois, sua filha
ainda voltaria para outro procedimento no coração, dessa vez para uma correção
definitiva.
A história
de Jéssica se soma a de outras centenas de crianças, que tiveram suas vidas
mudadas por conta de um convênio firmado entre a Secretaria de Estado de Saúde
do Rio de Janeiro (SES-RJ) e a Clínica Perinatal da Barra, encaminhando
pacientes do SUS para tratar de patologias cardíacas na unidade com a mesma
qualidade e atenção que oferecem aos pacientes da rede provada. Ao todo, foram
realizadas 511 cirurgias desde que o acordo foi firmado, em novembro de 2009. Só
em 2012, 225 crianças foram operadas.
– A vida da
minha filha é um milagre de Deus. Sem essas cirurgias, ela não estaria mais
conosco. Devo muito à Perinatal. Toda a equipe é muito boa. O atendimento não é
dez, é mil! – comemora a dona de casa Adriana. Agora, aos três anos de idade,
Jéssica não sofre mais dos mesmos problemas cardíacos.
40 tipos de cardiopatias - São corrigidas cirurgicamente 40
tipos de cardiopatias, na maior parte de alta complexidade, com circulação
extracorpórea. Uma delas é a hipoplasia de cavidades esquerdas, oferecida com
exclusividade no Rio de Janeiro pela Perinatal. A taxa de sobrevida do paciente
na clínica da Barra é de 93,4%. Próximo à expectativa de 98% do Childrens
Hospital, nos Estados Unidos, um dos maiores centros pediátricos do mundo.
Mais da
metade dos pacientes regulados para a Perinatal moram no município do Rio, num
total de 131 bebês. Segundo estimativa da clínica, cerca de 800 crianças nascem
precisando de uma cirurgia de correção cardíaca, todo ano, no estado. Cerca de
80% dessas famílias não podem arcar com os altos custos do procedimento na rede
privada, que da transferência à internação no pós-operatório podem chegar a R$
40mil.
– O
convênio entre a Secretaria de Estado de Saúde e a Perinatal vem mudando a
história de muitas famílias no Rio. Com esta parceria, centenas de crianças com
problemas cardíacas estão sendo salvas – afirma Mônica Almeida, subsecretária
de Atenção à Saúde da SES.
Antes do
convênio, muitos pacientes neonatais precisavam ser operados em São Paulo. O estado
custeava essas transferências por meio do Tratamento Fora de Domicílio (TFD). O
convênio supre essa demanda na saúde pública, realizando gratuitamente
cirurgias cardíacas em bebês prematuros com cerca de 550g de peso,
recém-nascidos, lactentes, pré-escolares, escolares e adolescentes.
Remoção de helicóptero - Os pacientes são encaminhados à
Perinatal pela Central Estadual de Regulação de Leitos e o Corpo de Bombeiros
faz a transferência do paciente e sua família de qualquer lugar do estado do
Rio de Janeiro, inclusive, tendo à disposição ambulâncias avançadas e o
helicóptero UTI da corporação com equipes especializadas para isso.
O pré e
pós-operatórios são realizados por uma equipe multiprofissional formada por
cirurgiões, cardiologistas, cardiointensivistas,anestesistas, intensivistas,
assistentes sociais, psicólogas, entre outros especialistas, que permanece de
prontidão na unidade 24 horas por dia. Ainda são disponibilizados 12 leitos
privativos de CTI de alta complexidade para pacientes cardíacos, destinados à
recuperação após a cirurgia.
Tecnologia inédita – A equipe da Perinatal ainda
dispõe de uma técnica inédita para os casos raros de anomalias muito complexas.
Um dos integrantes da equipe cirúrgica vem de São Paulo exclusivamente para
operar nestes casos. As crianças com essa doença precisam ser submetidas à
cirurgia pelo menos três vezes: uma ao nascer, outra por volta dos 4 meses de
vida e a última com 2 anos, usando uma técnica que refaz a circulação cardíaca.
Mais de 28 mil novos casos por ano - A prevalência de cardiopatias
congênitas (CC) está entre sete a dez crianças para cada mil nascidos vivos. Dados
da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular apontam o surgimento anual
de 28.846 novos casos de cardiopatias congênitas no Brasil. Em torno de 20% dos
casos, a cura é espontânea, estando relacionada a defeitos menos complexos. A
necessidade média de cirurgia cardiovascular nestes casos ultrapassa os
23 mil procedimentos por ano, distribuídos conforme o tipo de assistência,
sendo que o SUS é responsável por 86,1%, o que caracteriza a dependência do
investimento público.
O tratamento precoce das CC, além de salvar a vida do
paciente nos casos em que não há possibilidade de tratamento clinico, evita
internações sequenciadas por complicações, e proporcionam melhor qualidade de
vida. Sabe-se que 50% dos portadores devem ser operados no primeiro ano de
vida. Assim, são feitos mais de 11 mil novos procedimentos no país todos os
anos. Estima-se que cerca de 1% dos recém-nascidos brasileiros apresentem o
problema. Destes, 40% precisam ser operadas em até 30 dias sob risco de morte.
FONTE: Governo
do Estado do Rio de Janeiro
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