terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Às moscas

Poucos Técnicos em Radiologia, sistema de exaustão imundo, impressora que não imprime, fedor de cadáver putrefeito perto da sala de necropsia... Esse é o cenário que o jornal A Folha de São Paulo encontrou ao visitar cinco dos seis postos do IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo nas últimas três semanas.

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Em São Paulo, que teve 1.327 assassinatos até novembro, há só um Técnico de Radiologia por plantão para os postos do IML, para onde vão mortos por causa violenta ou suspeita.

Quando chamado, o plantonista precisa se deslocar até 36,5 km entre as unidades, ou 50 minutos sem trânsito. O plantão no IML é de 12 horas.

Em novembro, por exemplo, quando a PM Marta Umbelina da Silva, 44, foi morta com ao menos dez tiros nas costas, o exame foi feito horas depois. Faltava o técnico.
Segundo funcionários, a direção do IML chega a pressionar a equipe para liberar os corpos com mais rapidez, pois familiares reclamam da demora da necropsia.

Um médico revelou já ter liberado corpos baleados sem ter feito o exame de raios X. Outro contou ter esperado três dias para o exame. O corpo, diz, entrou em decomposição.
O exame serve para saber em que parte do corpo uma bala se alojou. Sem ele, o médico tem que procurar a bala no corpo, o que demora mais.

Falta de material adequado para trabalho foi outro problema relatado à Folha. O IML de São Paulo comprou por R$ 157 mil, em maio, duas máquinas para "embalar" corpos e conter o mau cheiro. Uma delas foi enviada ao IML central. A outra, mandada à unidade oeste (Vila Leopoldina), nunca funcionou e está abandonada, dizem funcionários.

O problema é que os corpos não passam pela entrada do equipamento, pois cadáveres putrefeitos ficam inchados por gases e mantêm os braços abertos, em posição conhecida como "lutador".

FONTE: CONTER

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