Atuação do
Comitê Saúde da População Negra está entre as ações para resolver a situação
Última
nação da América a abolir a escravidão, o Brasil ainda guarda reflexos de uma
história de desigualdade. A saúde está entre os indicadores que refletem essa
situação. Para tratar do assunto no mês da Consciência Negra, a Secretaria de
Estado de Saúde (SES-RJ) promove, dia 7 de novembro, o IV Seminário Estadual de
Saúde da População Negra. Organizado pela Assessoria Técnica de Gestão
Estratégica e Participativa, será realizado, das 9h às 17h, no Rio’s Presidente
Hotel. O encontro, dirigido a gestores e profissionais de saúde, terá como foco
o combate ao racismo nos serviços e atendimentos oferecidos no
Sistema Único de Saúde.
O evento
vai debater temas variados como a importância da utilização do quesito raça e
cor na produção de informações epidemiológicas, além de propor formas de
enfrentamento ao racismo institucional. Esse e outros assuntos já são
abordados no Comitê Estadual de Saúde da População Negra do Rio de Janeiro,
instituído este ano. As ações do Comitê atendem as orientações, diretrizes e objetivos
estabelecidos na Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Entre
as metas, inclui-se a elaboração de projetos que tornem a saúde pública mais
acessível e investimentos no tratamento de enfermidades que acomete em maior
número as pessoas negras, como a doença falciforme.
“O aumento
na autodenominação de negros e pardos no último censo do IBGE representa uma
mudança. É preciso uma série de políticas públicas voltadas para a população
negra. O fortalecimento da atenção à saúde das populações mais vulneráveis é
uma necessidade justificada por estatísticas e pesquisas”, informa Carina
Pacheco, assessora Técnica de Gestão Estratégica e Participativa da SES.
De acordo com dados do IBGE em 2010, o risco de morrer por AIDS é 40% maior
entre pessoas negras. Durante a gravidez, mulheres negras tem menos chance de
fazer pré-natal, seja por dificuldades de acesso, falta de informação ou
discriminação nos serviços de saúde. A proposta do seminário é estimular a
criação de novas estratégias que privilegiem o atendimento a este público a fim
de diminuir essas desigualdades.
Anemia Falciforme - Uma das ações já em prática é o tratamento para a
anemia falciforme, alteração sanguínea hereditária mais frequente no Brasil. O
Rio de Janeiro é o segundo estado com a maior prevalência da doença, perdendo
somente para a Bahia. Estima-se que a cada 1.200 nascimentos, um recém-nascido
tenha a doença. O traço falcêmico – que ocorre quando o indivíduo carrega
o gene, mas não manifesta a doença – é ainda mais presente. De acordo com
pesquisas, um a cada 21 indivíduos no estado do Rio possui o traço,
correspondendo a 4,5% da população carioca.
O estado do Rio de Janeiro contabiliza cerca de 5 mil pessoas com a doença. Mais
de 3 mil são tratados regularmente no Hemorio, que identifica aproximadamente
20 notificações novas por mês e é responsável por 40% de todos os atendimentos
na unidade. A Secretaria de Estado de Saúde, em parceria com o Ministério da
Saúde, implantou em 31 unidades do SUS no município do Rio de Janeiro e no
interior fluminense para o atendimento clínico de crianças com a doença,
aumentando o acesso e possibilitando o acompanhamento médico em todo o estado. O
Rio de Janeiro é o único estado onde a estratégia está pactuada na CIB
(Comissão Intergestores Bipartite). Desse modo, os pacientes só precisam ir ao
Hemorio apenas uma vez por ano, para exames mais complexos.
A
identificação da doença falciforme começa com a triagem neonatal, o teste do
pezinho. Há doze anos o Rio de
Janeiro foi o segundo estado do país a adotar o teste
para identificá-la. Hoje, são realizados mensalmente, entre 15 e 16 mil testes
em toda a rede pública do estado. O objetivo é reconhecer precocemente a doença
para tão logo dar início ao tratamento. Com a inclusão da pesquisa da doença
falciforme no teste, o risco de mortalidade infantil no Estado caiu de 10% para
3,5%, de 2000 até este ano.
FONTE: Governo
do Estado do Rio de Janeiro
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