Doença que pode levar a morte deve ser detectada
precocemente. A partir de
agora, Teste do Pezinho vai incluir essa análise, que deve ser realizada entre
o 3º e 5º dia de vida do bebê
Uma doença
de origem genética grave, sem cura, que pode causar deficiências progressivas e
levar à morte começa a ser diagnosticada precocemente em toda a rede de saúde
pública do estado. A fibrose cística acaba de ser incluída na fase III
da Triagem Neonatal (Teste do Pezinho) para os bebês nascidos no Rio de Janeiro . O exame,
oferecido gratuitamente nos postos de saúde e clínicas da família, deve ser realizado
de preferência entre o 3º e 5º dia de vida da criança. O Instituto Estadual de Diabetes e
Endocrinologia Luiz Capriglione (Iede) recebe os testes e é o responsável pelo
diagnóstico da doença em todo o estado.
Realizado a partir de gotas de sangue colhidas do calcanhar do recém-nascido, o
Teste do Pezinho detecta precocemente, além da fibrose cística, outras três
doenças: doença falciforme, fenilcetonúria e hipotireoidismo. Todas podem
causar lesões irreversíveis na criança caso não sejam tratadas.
- A realização precoce do teste é fundamental para diagnosticar essas doenças. No
caso da fibrose cística, o exame mede a tripsina imunorreativa que, nas
crianças portadoras da doença, é muito alta nos primeiros dias de vida. A
coleta tardia também atrapalha o diagnóstico, pois o segundo teste, indicado
para os casos em que há necessidade de confirmação, deve ser realizado
necessariamente no primeiro mês de nascimento. Quando isso não acontece,
torna-se necessário fazer o Teste do suor, que é muito mais complicado de ser
realizado. Por isso, é tão importante conscientizar a mãe que leve o bebê para
fazer o teste nos primeiros dias de vida. Além disso, como em qualquer doença,
quanto mais precoce o diagnóstico, mais rápido é o início do tratamento -
explica o diretor do Iede, Ricardo Meirelles.
A mãe da pequena Maria Eduarda, Carolina Dantas, levou a recém-nascida ao
Centro Municipal de Saúde Manoel José Ferreira, no Catete, na última
quarta-feira, dia 7, apenas dois dias depois de sair da maternidade, para fazer
o Teste do Pezinho.
- Tive a orientação durante o pré-natal pra trazê-la aqui ainda nos primeiros
dias de vida. É fundamental que os pais tenham a consciência de que assim como
as vacinas, o Teste do Pezinho é muito importante para prevenir doenças que
podem até matar os bebês – opinou Carolina.
O Centro Municipal de Saúde Manoel José Ferreira iniciou um trabalho de
atendimento domiciliar que deve ser estendido para toda a rede municipal. A
dona de casa Juliana Tomé, de 23 anos, moradora da comunidade Pereira da Silva,
em Laranjeiras, recebeu uma equipe da unidade logo após o nascimento de sua
primeira filha, Thallyta Vitoria.
- Como eu moro em uma parte muito alta do morro, ia ser difícil eu ir com o
neném até o centro de saúde para ela tomar as primeiras vacinas e fazer o Teste
do Pezinho. Então eles vieram até aqui e recebi um atendimento ótimo. Nos
trataram muito bem e isso facilitou muito a minha vida – contou Juliana.
A doença – Também chamada
de mucoviscidose, a fibrose cística afeta as glândulas exócrinas,
provocando alterações nos pulmões, pâncreas, fígado e intestino. O portador da
doença passa por uma modificação da produção de muco pelo organismo como um
todo e as secreções ficam mais espessas, facilitando infecções. No país,
estima-se que nasça um bebê portador da doença para cada 7 a 10 mil nascidos vivos,
dependendo da região.O tratamento é realizado através de medicamentos.
Na maior parte dos casos, a fibrose cística atinge o sistema
respiratório obstruindo os brônquios, causando dificuldades para respirar,
tosse crônica, infecções de repetição, pneumonias e até alargamento ou
distorção irreversível dos brônquios. Por conta do quadro de tosse frequente, a
fibrose é confundida com asma, tornando a doença subnotificada.
Ações do Governo do Estado - A
área técnica de Saúde da Criança da Secretaria de Estado de Saúde está
coordenando a organização da Rede de Atenção à Fibrose Cística, a fim de
padronizar o atendimento e permitir a interação entre as três unidades que hoje
realizam o atendimento a esses pacientes: Instituto Fernandes Figueiras,
Hospital dos Servidores do Estado e Hospital Universitário Pedro Ernesto.
- Hoje, essas três unidades atendem de forma não integrada. Por isso, estamos
conversando com os responsáveis por estas unidades de saúde, profissionais da
assistência e equipes de laboratório que trabalham nessas unidades no intuito
de que os três, juntos, sejam a referência no atendimento e tratamento dos
portadores da doença no estado. Também vamos capacitar profissionais que atuam
nas redes de atenção básica dos municípios. Com isso, só serão encaminhados
para essas três unidades aqueles pacientes que realmente precisarem de
atendimento especializado. Também estamos montando equipes multiprofissionais
com médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas para
atuar nessas três unidades – explica a coordenadora da área técnica de Saúde da
Criança, Felisbela Costa.
O setor também está realizando ações para divulgar o início do teste na rede
pública. Em junho, foi realizado um seminário com os responsáveis das
maternidades de todo o estado e da atenção básica dos 92 municípios do Rio de
Janeiro.
Teste do pezinho – O Iede foi
pioneiro na rede pública do estado do Rio em oferecer o exame. A fase I da
Triagem Neonatal, que incluía fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito,
começou em 1989 no instituto enquanto que o Ministério da Saúde oficializou o
teste somente em 2011. Em 99, o Iede já disponibilizava a fase II da Triagem
Neonatal, incluindo a anemia falciforme.
- Nenhuma das doenças detectadas pelo Teste do pezinho têm cura, mas podem
ser tratadas. A maioria das crianças portadoras dessas doenças nascem
absolutamente normais, sem nenhum sintoma. Daí a importância do teste, pois só
ele pode diagnosticar o problema. É fundamental que a mãe receba as
orientações sobre o teste ainda no pré-natal, quando ela é informada sobre
as principais vacinas, exames e cuidados com o bebê que vai nascer – ressalta
Ricardo.
FONTE: Governo
do Estado do Rio de Janeiro
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