Subsecretária Hellen Miyamoto esteve em Londres como
observadora das Olimpíadas e conta o que o Governo do Estado pode trazer de
experiência e como será a preparação até a Rio 2016
Os Jogos Olímpicos de Londres terminaram neste domingo (12). Hoje, no final do
dia, a bandeira olímpica chega ao Rio
de Janeiro para marcar os quatro anos até a realização
do grande evento na cidade. Assim como os atletas que disputarão as dezenas de
modalidades nos Jogos do Rio precisarão se preparar ao longo desse período para
poderem disputar medalhes, a Secretaria de Estado de Saúde também tem um
cronograma de preparação para as Olimpíadas de 2016.
A subsecretária de Vigilância em Saúde, Hellen Miyamoto, é a responsável por
coordenar este trabalho na área da saúde do Governo do Estado do Rio de Janeiro . Ela foi a
Londres como
uma das observadoras do evento para trazer as melhores práticas da organização
dos Jogos para o Brasil. Dos vários encontros que teve na cidade, Hellen
Miyamoto pode observar que a experiência do Rio de Janeiro em sediar grandes
eventos já torna a cidade bastante bem estruturada para a Copa do Mundo e os
Jogos Olímpicos.
- O que pude ver é que a organização da área da saúde para as Olimpíadas de
Londres não tem nada de diferente do que fazemos normalmente nos nossos
eventos. Postos médicos, ações
de vigilância sanitária, ambiental e epidemiológica. O que tem de diferente é a
retaguarda dos hospitais, que em Londres estão um pouco mais bem estruturadas –
conta a subsecretária de Vigilância do Estado.
Está em estudo um convênio com o Comitê Olímpico Internacional que pode trazer
um legado em novos equipamentos na área da saúde para a população do Rio de
Janeiro.
A seguir, a subsecretária Hellen Miyamoto responde a perguntas sobre a
organização da Copa, das Olimpíadas e o legado para a saúde pública.
- Como está sendo feito o planejamento
na área da saúde para Copa e Olimpíada?
HELLEN MIYAMOTO: Para a Copa do Mundo de 2014, foi organizada uma
Câmara Temática de Saúde nacional, com representantes de todas as esferas de
governo, e outra local, composta pelas Secretarias de Estado de Saúde, de
Estado de Defesa Civil, Municipal de Saúde e Defesa Civil, além do comitê
organizador local (Fifa). Ao comitê cabe a responsabilidade da montagem de toda
estrutura de atendimento nos locais de competição e eventos vinculados à Copa
(postos médicos e ambulâncias). Aos representantes governamentais, a definição
das normas e das quantidades de cada equipamento e insumo e suporte de
retaguarda (central de regulação, hospitais de referência) e o planejamento
estratégico de Saúde e de Defesa Civil. Há três meses, a Câmara Técnica local
faz reuniões semanais para organizar os planejamentos. Na próxima reunião, o
comitê organizador da Fifa apresentará o dimensionamento do evento para que a
segunda fase de planejamento seja iniciada.
Na área de saúde, há duas linhas de atuação: 1. assistência (unidades de
saúde); 2. vigilância (preparo de hotéis, rede de alimentação, ações de
imunização e controle de vetores e zoonoses).
Para as Olimpíadas de 2016, há um Grupo de Trabalho que também está fazendo
reuniões periódicas, repassando todos os compromissos assumidos pelo governo
brasileiro para a realização dos Jogos e definindo as estratégias e cronogramas
de implantação até a data do evento. Fazem parte dessas discussões
representantes do Comitê Olímpico, Autoridade Pública Olímpica, Empresa
Olímpica, Secretarias Estadual de Saúde e de Defesa Civil, Escritório de Gerenciamento
de Projetos da Casa Civil do Governo do Estado e Secretaria Municipal de Saúde.
- Há alguma norma, decreto ou resolução
que determinem as regras para este planejamento?
HELLEN MIYAMOTO: Sim. Em 2007 foi criada a resolução 80, que definiu
as Normas Gerais de Ação para a Análise do Projeto de Atendimento Médico e
demais procedimentos para a realização de eventos especiais.
- De que forma o Estado está se
preparando para atender ao possível aumento de demanda sem prejudicar o
atendimento às emergências cotidianas?
HELLEN MIYAMOTO: O Rio de Janeiro já tem larga experiência na
realização de grandes eventos, e tem sido referência para as demais
cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Todo o planejamento está sendo feito
para que 98% dos casos sejam resolvidos no local de atendimento, sem
necessidade de remoção do paciente. De qualquer maneira, o Governo do Estado
terá, até 2014, cinco Centros de Trauma instalados em pontos estratégicos da
Região Metropolitana. Com tecnologia de ponta em salas inteligentes, eles
ficarão nos hospitais estaduais Alberto Torres, Albert Schweitzer, Adão Pereira
Nunes, no novo Rocha Faria e no Hospital Estadual de Trauma, que será
construído na Baixada Fluminense. O primeiro deles, em São Gonçalo , já começa
a funcionar neste ano.
- Há treinamento especial para os
profissionais?
HELLEN MIYAMOTO: Sim. Há vários tipos de programas de qualificação
sendo executados. Alguns de capacitação de inglês e espanhol, para facilitar as
trocas de informações entre médicos e pacientes, bem como de equipes do
Brasil com as do exterior; outro de atualização dos vários protocolos de
atendimento de emergência, que já começa em novembro e dezembro de 2012. Um
grupo da Secretaria de Estado de Saúde (SES) foi em fevereiro fazer uma ampla
capacitação nos Estados Unidos para aprender normas, protocolos e diretrizes do
Shock Trauma Center Adams Cowley, Centro de Trauma da Universidade de Maryland,
referência para o atendimento ao presidente norte-americano Barack Obama em
casos de emergências. Este treinamento faz parte dos preparativos para a Copa
do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. Eles foram selecionados de
acordo com experiência na área de traumas e vínculo com alguma unidade de saúde
da rede pública estadual.
O Ryder Trauma Center, da Universidade de Miami, é a próxima parada do grupo de
profissionais da SES. A equipe, formada por 11 médicos e seis enfermeiros,
embarca em agosto e vai aprender com o que há de mais moderno no atendimento do
trauma. Tais aprendizados serão conhecimentos que os médicos e enfermeiros
utilizarão antes, durante e depois da Copa e da Olimpíada, tornando-se um dos
legados para a saúde pública.
- Legados? Quais serão eles?
HELLEN MIYAMOTO: Há vários. Além das novas unidades de saúde e da
qualificação dos profissionais que atendem diretamente a população do Rio de
Janeiro, cada cidade-sede da Copa do Mundo tem, por exemplo, que escolher uma
marca a ser trabalhada. O Rio de Janeiro elegeu: “Copa livre do tabaco”.
Reduzir o consumo de nicotina depende de ações de conscientização de médio e
longo prazo. Temos a nossa Lei Antifumo e já trabalhamos nela com o programa
Rio Sem Fumo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a legislação
de ambientes livres de fumaça pode ser a motivação que faltava para quem quer
parar de fumar. Fumantes diários, diz o estudo, fumam 30% mais se for permitido
fazê-lo no ambiente de trabalho. Outro estudo recente revela que nada menos do
que R$ 263milhões foram gastos pelo Estado do Rio para tratar as três
principais doenças evitáveis decorrentes do fumo - infarto, derrame cerebral e
câncer de pulmão.
E o esporte tem tudo a ver com comportamentos saudáveis e ambientes livres de
tabaco.
- Como observadora da área da saúde nas
Olimpíadas de Londres, o que você acompanhou?
HELLEN MIYAMOTO: Há duas experiências do governo britânico que
queremos trazer para o Rio de Janeiro. Lá em Londres conhecemos o
trabalho que eles fizeram antes dos Jogos Olímpicos para aumentar o suprimento
de sangue, focado no aumento da conscientização da população na necessidade de
doação constante. O Brasil, apesar de ser um país solidário, ainda não tem essa
cultura e sempre sofremos em períodos críticos com a redução no número de
doações, que acabam comprometendo cirurgias e atendimentos de emergência. Queremos
conhecer, adaptar e aprimorar a experiência do Reino Unido em aumentar o número
de doadores e, consequentemente, de estoque de sangue.
Também conhecemos a experiência do SAMU de Paris. A ideia é fortalecer a
capacidade de resposta das nossas ambulâncias em situações de resgate e
catástrofes.
- Quais serão as unidades de
referência de saúde? Serão usados hospitais de campanha?
HELLEN MIYAMOTO: Todos os grandes hospitais serão unidades de
referência. Hospitais de Campanha e a Força Estadual de Saúde estarão
disponíveis.
- Existe um esquema especial de
atendimento no Maracanã durante a Copa?
HELLEN MIYAMOTO: Sim e a definição de como será esse atendimento está a
cargo dessa Câmara Técnica local, com. O Governo do Estado criará uma Unidade
de Pronto Atendimento Maracanã para reforçar os atendimentos no local. Aliás,
as UPAs criadas pelo Rio de Janeiro foram eleitas pela Câmara Técnica nacional
um modelo de pronto-atendimento a ser seguido por todas as cidades-sedes.
- Em geral, quando se pensa em grande
evento, a preocupação maior é com os atendimentos de emergência e com os
hospitais, mas a chegada de turistas de vários locais do mundo gera preocupação
também com a possibilidade de transmissão de doenças que não são comuns no
país, não é?
HELLEN MIYAMOTO: Esse trabalho é tão importante quando o atendimento
hospitalar. Estamos estruturando uma agenda paralela na área de Vigilância,
para atuação em hotéis, na imunização da população e no controle de alimentos,
vetores e zoonoses. Já definimos que teremos uma Unidade Móvel de Vigilância
durante a Copa e a Olimpíada, possibilitando análise da água para consumo em
todos os locais de concentração de pessoas.
FONTE: Governo do Estado do Rio
de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário